domingo, 22 de novembro de 2009

Casos


:: DENNIS NIELSEN

Em 1978, o mais famoso assassino serial da Inglaterra iniciou suas atividades mortíferas. Já com 33 anos, conheceu um jovem num "pub" e levou-o para sua casa. Ali, continuaram a beber, até irem para a cama dormir.

Nielsen acordou primeiro, e logo se deu conta que sua história com o rapaz terminava ali; ele acordaria e partiria.

Acariciou o amigo, que ainda dormia, e sentiu sua excitação crescer de imediato. O coração batia loucamente, e ele começou a suar profusamente. Olhou novamente para o jovem que dormia e a pilha de roupa dos dois, no chão. Percebeu que sua gravata estava manchada, e levantou-se para limpá-la, pensando na separação eminente. Mudou de rumo, laçou a gravata no pescoço do jovem e começou a estrangulá-lo. O rapaz acordou de imediato, começou a lutar por sua vida num ato desesperado, e de repente, os dois estavam rolando pelo chão. Nielsen apertou o laço até deixá-lo inconsciente...correu até a cozinha e encheu um balde com água, para afogar o rapaz. Levantou-o sobre uma cadeira e empurrou sua cabeça para baixo d'água. O jovem não se debateu, apesar da água espirrar para todo lado.

Depois de alguns minutos, quando as bolhas de ar cessaram, Nielsen deu-se conta do que acabara de fazer. Sentou o corpo inerte do rapaz numa poltrona, serviu-se de café, fumou vários cigarros. Tentava resolver qual seria o próximo passo. Cobriu a janela de seu apartamento com uma toalha e resolveu levar o corpo para o banheiro.

Gentilmente, ajeitou o corpo do amigo dentro da banheira, abriu a água e lavou o cabelo do jovem. O corpo estava frouxo e mole. Foi uma luta conseguir tirá-lo da banheira e enxugá-lo. Levou o corpo sem vida novamente para sua cama...seu novo amigo não iria mais embora.

Neste dia, Nielsen escreveu em um diário que aquele era o início do fim de sua vida. Não sabia porque havia matado o rapaz. Só sabia que não suportaria vê-lo ir embora. Tinha passado o natal sozinho e não queria passar pela mesma solidão no ano novo. Agora, teria companhia.

Mais tarde, naquele mesmo dia, Nielsen saiu e comprou uma faca elétrica e uma enorme panela. Sua intenção era cortar o corpo, mas ao ver o rapaz, perdeu a coragem. Vestiu o jovem morto com novas roupas de baixo e decidiu fazer sexo com o cadáver, mas não foi capaz de manter a ereção; deitou o corpo no chão, ao lado da cama, cobriu-o com cortinas velhas e foi dormir.

Quando acordou, fez o jantar, comeu e assistiu TV com o corpo ainda ali. Finalmente, resolver tomar uma atitude: tirou algumas tábuas do piso da sala e tentou esconder o corpo no espaço que havia ali. Não foi possível; o "rigor mortis" o impedia de manipular o corpo. Apoiou-o contra a parede e deixou-o passar a noite ali, na esperança que a rigidez passasse, mas no dia seguinte, tudo continuava igual.

Nielsen então deitou o corpo e trabalhou nos seus membros de modo que finalmente coubesse no espaço restrito, tampando-o novamente com as tábuas.

Depois de uma semana, Nielsen estava curioso sobre o estado atual do corpo. Levantou o carpete e as tábuas do piso mais uma vez. O corpo estava sujo, mas nada que um bom banho não resolvesse. Levou-o para o banheiro, onde ele e o amigo tomaram banho "juntos". Quando trouxe o corpo de volta para a sala, estava tão excitado que se masturbou ali mesmo.

Em vez de enterrar o corpo novamente, Nielsen amarrou-o pelas ancas e pendurou-o. Em algum momento ao longo do tempo, voltou a colocá-lo sob o colchão. O corpo permaneceu ali por sete meses e meio, até ser queimado numa fogueira juntamente com borracha, para disfarçar o cheiro de carne assada. Jogou as cinzas no chão, espalhando-as, e o jovem nunca foi identificado.

Nielsen ficou abismado com sua capacidade de fazer tudo aquilo. Acreditou que nada disso aconteceria novamente, mas estava enganado...Aconteceria mais 14 vezes...

Em outubro de 1979, aproximadamente 1 ano depois de seu primeiro assassinato, Nielsen levou para sua casa um jovem estudante chamado Andrew Ho, chinês. Totalmente desavisado sobre o risco que corria, o rapaz quis brincar de cativeiro. Nielsen não queria, mas colocou uma gravata ao redor do pescoço do rapaz, comentando que aquele era um jogo muito perigoso. Ho deixou o apartamento vivo, e informou a polícia sobre o estranho comportamento do amigo, mas não concordou em fazer um depoimento por escrito ou em depor na corte. Talvez não quisesse admitir que ele mesmo havia pedido que Nielsen o amarrasse. No decorrer dos acontecimentos, outras sete vítimas sairiam vivas da casa de Nielsen, que as libertou quando ainda estava apto para fazê-lo.

Sua segunda vítima foi Kenneth Ockendon, um turista canadense que encontrou num bar em 3 de dezembro de 1979. Beberam juntos por várias horas, fizeram um "tour" por toda Londres, e acabaram no apartamento de Nielsen. Deram-se muito bem, mas quanto mais Nielsen apreciava a companhia do novo amigo, mais desesperado ficava com sua iminente partida para o Canadá, no dia seguinte. Nielsen estrangulou Ockendon com um fio elétrico de um fone de ouvido, arrastou-o pelo chão e sentou-o ao seu lado para ouvir música, enquanto planejava seus próximos passos.

Depois de algum tempo, removeu a roupa do corpo do amigo e levou-o para o banheiro, a fim de limpá-lo. Depois disso, ajeitou o corpo em sua cama e dormiu com ele o resto da noite, acariciando-o freqüentemente.

Na manhã seguinte, guardou o morto nú no armário e foi trabalhar. Durante o dia, o corpo enrijeceu numa posição dobrada. Ao chegar em casa, Nielsen retirou-o do armário e banhou-o novamente. Vestiu então o cadáver e tirou fotos dele em várias posições. Levou-o para a cama, "fez sexo" com ele e guardou-o embaixo das tábuas do assoalho. Muitas vezes Nielsen tirou o corpo de Ockendon de seu esconderijo, para assistir televisão em sua companhia.

Cinco meses depois, em 13 de maio de 1980, Martyn Duffey, de apenas 16 anos, desapareceu. Era um rapaz "sem-teto" que aceitou o convite de Nielsen para passar a noite em sua casa. Depois de algumas cervejas, foram para a cama.

Nielsen subiu em cima de Duffey, prendeu seus braços sob a coberta numa espécie de armadilha, e o estrangulou. Ele ficou inconsciente, mas ainda vivo. Foi então carregado para a cozinha, e afogado em uma pia cheia de água, onde Nielsen manteve sua cabeça até que parasse de respirar. Na seqüência, foi carregado para dentro da banheira. Nielsen beijou todo corpo de Duffey, e masturbou-se. Colocou o corpo no armário, à sua disposição por duas semanas, sendo depois "enterrado" sob as tábuas da sala.

A vítima seguinte foi Billy Sutherland, 27 anos, garoto de programa. Nielsen nem queria levá-lo para casa, mas o rapaz seguiu-o depois de encontrá-lo num bar. Nielsen mal se lembrou depois de como o estrangulou, mas seu corpo teve o mesmo destino dos anteriores.

Malcolm Barlow, a vitima n. º5, era órfão e tinha problemas mentais. Nielsen o encontrou vagando do lado de fora de sua casa, se queixando de fraqueza por causa de seus ataques epilépticos. Na verdade, Barlow era um mentiroso patológico. Nielsen levou-o para casa e chamou uma ambulância para acudi-lo. Quando Barlow foi liberado do hospital, voltou à casa do amigo e esperou que ele chegasse do trabalho. Beberam, antes que Barlow caísse em um sono profundo.

Nielsen acabou achando sua presença ali um transtorno, e o estrangulou. No dia seguinte, colocou seu corpo no gabinete embaixo da pia do banheiro.

No apartamento de Nielsen, outros corpos ficaram aguardando para serem jogados fora. Alguns foram levados para a cama por mais de uma semana, com propósitos sexuais. O controle de Nielsen sobre estes homens o assustava, e o mistério de um corpo que não respondia o fascinava. Sentia o seu prazer crescer em relação a eles.

Nielsen usava inseticida em seu apartamento duas vezes por dia, para livrar-se das moscas. Um vizinho mencionou o cheiro horrível e permanente, mas Nielsen assegurou que era da construção decadente.

Para livrar-se dos corpos, prendia seu cachorro e seu gato no jardim, tirava a roupa de baixo com a qual vestia os cadáveres e os cortava em pedaços no chão de sua cozinha, utilizando uma faca. Algumas vezes, fervia a cabeça de suas vítimas para retirar a carne, na panela que havia comprado quando matou pela primeira vez.

Nielsen havia aprendido como cortar e desossar carne no exército, e sabia o melhor jeito de cortar e dissecar um corpo. Acondicionava os órgãos em sacos plásticos e guardava os pacotes embaixo das tábuas da sala até seu próximo passo.

Também guardava pedaços de gente no galpão do jardim, ou num buraco perto de um arbusto, do lado de fora da casa. Os órgãos internos de suas vítimas eram colocados dentro de uma brecha entre as cercas duplas de seu terreno. Alguns torsos foram guardados dentro de malas e sacolas, que levava para o quintal quando tinha tempo e queimava.

Sempre o intrigou o fato de ninguém questioná-lo sobre suas atividades nestas ocasiões. Crianças da vizinhança se aproximavam para ver o "churrasco", que durava o dia inteiro. Nielsen os avisava para ficar á distância. Quando o fogo apagava, esmagava os crânios entre as cinzas da fogueira, e espalhava os restos sobre a terra. Cada fogueira dava conta de até seis corpos. Doze foram queimados.

Quando Nielsen resolveu mudar de endereço, checou tudo e quase esqueceu onde havia escondido as mãos e braços de Martyn Barlow. Cuidou deste detalhe final e foi embora, deixando o seu passado para trás.

Sua nova moradia era uma casa com seis aposentos e inquilinos, na 23 Cranley Gardens, Londres. Seu apartamento era o sótão da casa.

Nielsen estava certo que deteria sua compulsão homicida, mas enganou-se; mais três assassinatos aconteceriam em seu novo lar. O fator complicador agora é que não havia jardim, e, portanto, sumir com o corpo se tornaria um problema.

A primeira vítima na casa nova de Nielsen foi John Howlett, que foi chamado de "John, o guarda" em suas anotações. Tinham se conhecido em um "pub", onde conversaram longamente. Certo dia, Howlett aceitou o convite de Nielsen para ir até seu apartamento, onde bebeu até dormir na cama do amigo. Nielsen tentou convencê-lo a ir embora, mas ele não quis.

Passado algum tempo, Nielsen encontrou uma correia do tecido do estofamento esquecida por ali, e estrangulou o amigo, mantendo o nó bem apertado. Depois, levou o corpo inerte para o outro quarto, mas percebeu que Howlett ainda respirava. Pegou a tira de pano novamente e apertou-a no pescoço do amigo por longos minutos, mas seu coração não parava de bater. Nielsen foi obrigado a afundá-lo na banheira cheia de água, onde o deixou até o dia seguinte. Guardou então o cadáver no "closet", enquanto não resolvia o que fazer com ele.

Dias depois, Nielsen percebeu que não tinha muitas alternativas. Decidiu cortar o cadáver de John Howlett em pequenos pedaços, jogá-lo na privada e dar a descarga. Tinha pressa. Quando o processo de desaparecer com o corpo começou a demorar mais do que pensava, resolveu cozinhar alguns pedaços em sua cozinha, junto com a cabeça, as mãos e os pés.

Os ossos foram separados e jogados no lixo. Alguns ossos maiores foram jogados pela cerca, atrás de um terreno baldio. Nielsen pegou as partes que sobraram, borrifou-as com sal e armazenou-as numa caixa de chá, cobrindo-os com uma cortina vermelha.

Sua segunda vítima nesta nova fase foi Archibald Graham Allan, apesar de Nielsen não se lembrar de tê-lo matado, segundo suas anotações. O corpo de Allan ficou na banheira por três dias, e depois de dissecado, teve o mesmo destino do cadáver de John Howlett.

A última vítima de Dennis Nielsen foi Steven Sinclair, 20 anos, viciado que vagava pela Leiscester Square. No dia 23 de janeiro de 1983, foi visto saindo com um homem bastante estranho. Foram para o apartamento de Nielsen, onde ouviram música até que Sinclair adormecesse numa poltrona. Nielsen então foi até a cozinha, pegou um barbante, emendou-o numa gravata, atou os joelhos de sua vítima adormecida e serviu-se de um aperitivo.

Nielsen resolveu livrar Sinclair de qualquer dor; estrangulou-o rapidamente e quase sem luta. Quando removeu as roupas do amigo, descobriu em seus braços bandagens, que denunciavam uma recente tentativa de suicídio.

Nielsen banhou-o o colocou-o na cama. Trouxe espelhos para o quarto, que posicionou em volta da cama para que pudesse ver a si mesmo e ao parceiro juntos e nus. Conversou com Sinclair como se ele ainda estivesse vivo, sem saber que aquele crime tiraria sua liberdade para sempre.

No dia seguinte, ferveu a cabeça, mãos e pés, e acondicionou o restante do corpo em sacolas plásticas. Guardou uma parte delas no banheiro, e o resto na caixa de chá. Alguns órgãos e pedaços de carne foram jogados na privada.

Havia cinco inquilinos vivendo na mesma casa que Nielsen, mas nenhum deles o conhecia muito bem. Na primeira semana de fevereiro, um deles percebeu que o banheiro do andar de baixo estava entupido. Tentou de tudo para consertar o defeito, usou até ácido, mas nada conseguiu. Ao questionar os vizinhos, outros disseram que seus banheiros não estavam funcionando como deveriam, mas Nielsen negou estar com qualquer problema. Um encanador foi chamado, mas suas ferramentas não ajudaram muito a resolver o entupimento geral. Chamaram então um especialista.

Nielsen já sabia que suas atividades eram o real problema do andar de baixo. Resolveu colocar os restos de Sinclair que ainda estavam em sua casa em sacolas plásticas, e trancou-as em seu "closet".

Dois dias depois, uma companhia chamada "Dynorod" veio examinar o entupimento, que a nenhum custo conseguia ser consertado. Os especialistas da companhia concluíram que o problema era no porão, e o técnico Michael Cattran resolveu verificar a caixa de inspeção de esgoto, buraco do lado de fora da casa. Ao abrir a tampa, Cattran sentiu um cheiro horrível; estava convicto de que se tratava de alguma coisa morta. Tirou o lodo do esgoto para examiná-lo, e percebeu que ali se encontravam 30 ou 40 pedaços de carne.

O técnico Cattran concluiu que o problema vinha do cano principal da casa, e reportou seu achado para seus superiores. Os inquilinos ficaram à sua volta enquanto telefonava, inclusive Nielsen, e ele mencionou que a polícia deveria ser chamada. Como já era tarde, resolveram que fariam um exame melhor à luz do dia, antes que as autoridades fossem chamadas. Até o dia seguinte, a pilha de carne podre ficaria no quintal, aguardando o sol nascer.

À meia-noite, Nielsen saiu de seu apartamento, foi até os fundos da casa, recolheu a pilha de carne e jogou-a pela cerca. Pensou em substituir a carne encontrada no esgoto por pedaços de frango, pensou em cometer suicídio, mas nada fez. Apenas sentou-se em seu apartamento e bebeu, cercado pelos restos mortais dos três homens que matara ali.

Para azar de Nielsen e sorte da sociedade londrina, um inquilino da casa viu os movimentos de Nielsen. Quando Cattran voltou e encontrou o quintal livre de qualquer vestígio, este inquilino contou-lhe sobre suas suspeitas. Cattran abriu novamente a caixa de inspeção, retirou outro pedaço de carne podre e chamou imediatamente a polícia.

Neste mesmo dia, Nielsen falaria para um colega de trabalho que se não fosse trabalhar no dia seguinte, é porque estaria doente, morto ou na cadeia. Foi exatamente o que aconteceu. Ao chegar em casa, três investigadores da polícia já esperavam por ele. O detetive chefe Jay identificou-se e explicou que estavam ali por causa do encanamento da casa, onde restos humanos causaram um entupimento. Nielsen ainda tentou demonstrar espanto e perguntar de onde teriam vindo, mas o detetive encurtou a conversa, dizendo que só poderiam ter vindo de seu apartamento e pedindo que ele mostrasse onde estava o restante do cadáver.

Nielsen desistiu. Pediu que o levassem para a delegacia, pois conhecia seus direitos e queria depor. Foi atendido. Quanto mais falava, mais pistas que a polícia tinha ignorado apareciam. Talvez, se tivessem ficado mais atentos...

Finalmente a polícia foi até o apartamento de Nielsen. Numa busca em seu "closet", foram apreendidas várias sacolas contendo restos mortais masculinos em diversos estágios de decomposição. Tudo foi levado ao necrotério, para exames mais específicos. Nielsen também havia falado sobre a caixa de chá e o gabinete do banheiro. Outros restos foram encontrados.

O depoimento de Nielsen demorou mais de 30 horas. Ele falou sobre suas técnicas e ajudou a polícia a identificar partes das vítimas. Não pediu compaixão nem demonstrou nenhum remorso.

Graças aos seus completíssimos depoimentos, foi possível juntar os pedaços de cada corpo, como num quebra-cabeça. Foi o corpo de Sinclair, o mais inteiro, que possibilitou a acusação de Nielsen por assassinato e assegurou sua prisão para investigações.

Nielsen também acompanhou a polícia à sua antiga casa, onde apontou os locais onde acendeu fogueiras para queimar restos mortais de suas vítimas. Segundo suas palavras, "a vítima é um prato sujo depois do banquete, e louça para lavar é uma tarefa comum".

O advogado designado para defender Nielsen foi o Dr. Ronald T. Moss, que acompanhou todas as confissões de seu cliente. Ele estava satisfeito em constatar que Nielsen entendia tudo o que estava acontecendo.

Estava até escrevendo suas memórias, ajudado por um jovem escritor chamado Brian Masters.

Nielsen esperou julgamento na Prisão de Brixton. Estava assustado com a reação da mídia aos seus crimes, e queria que todos entendessem que ele era apenas um homem comum.

Declarou que havia deixado sete de suas vítimas irem embora com vida de sua casa, mas que só se lembrava o nome de quatro delas. Destas, três testemunharam contra ele no tribunal.

A primeira vítima viva, Andrew Ho, já teve sua história contada aqui.

A segunda, Douglas Stewart, foi atacado por Nielsen da mesma forma que os outros, mas conseguiu reagir e nocautear seu agressor. Chamou a polícia, que visitou Nielsen por volta das quatro horas da manhã do dia 11 de agosto de 1980, mas nada aconteceu. A polícia achou que ele estivera bebendo, e que se tratava de um encontro homossexual que não deu certo. Fizeram um relatório, mas Stewart não compareceu quando foi chamado para prestar declarações na delegacia.

No dia 23 de novembro de 1981, já no apartamento novo, Nielsen trouxe para casa o rapaz de 19 anos, Paul Nobbs. Pela manhã, Nobbs estava com uma terrível enxaqueca, e ao olhar no espelho, assustou-se com a profunda marca vermelha em sua garganta. O branco de seus olhos estava vermelho, e sua cara parecia ter sido queimada. O próprio Nielsen teria comentado que seu aspecto estava terrível, e que deveria procurar um médico. Foi o que Nobbs fez no dia seguinte, e descobriu que alguém havia tentado estrangulá-lo. Paul Nobbs não quis dar queixa na polícia.

No ano novo de 1981 para 1982, os vizinhos de Nielsen o convidaram para uma festa, mas ele tinha outros planos. Todos viram quando ele chegou bêbado e acompanhado. Ouviram barulho no andar de cima, e um rapaz surgiu, descendo as escadas correndo e entre soluços. Era Toshimitsu Ozawa. Ele contou à polícia que Nielsen pretendia matá-lo, pois tinha se aproximado dele com uma gravata esticada entre as mãos. Não foi feita nenhuma investigação a respeito.

Em abril de 1982, Nielsen se divertiu com uma "drag queen" chamada Carl Stotter, que também sofreu uma severa tentativa de estrangulamento. Stotter nunca procurou a polícia.

O advogado Ronald Moss foi dispensado, e em seu lugar, foi contratado Ralph Haeems, o advogado do prisioneiro por quem Nielsen se apaixonou na prisão, David Martin. Haeems decidiu defender Nielsen diminuindo sua responsabilidade nos crimes, através de uma anormalidade mental. Foi pedida uma acusação de homicídio não premeditado.

Nielsen, ao olhar as fotografias da perícia, tinha dúvidas se os familiares das vítimas algum dia o perdoariam. Escreveu mais de 50 cadernos sobre suas memórias para ajudar no processo, além de esquetes mostrando seu "modus operandi".

No julgamento, que teve início em 24 de outubro de 1983, foi acusado por seis homicídios e duas tentativas de homicídio. Alegou inocência para cada uma delas.

O promotor Alan Green argumentou que Nielsen sabia exatamente o que estava fazendo, tendo como provas as próprias declarações do acusado na delegacia. A defesa continuava reforçando a tese de doença mental, através de várias análises psiquiátricas.

Os que testemunharam contra Nielsen foram Paul Nobbs, Douglas Stewart e Carl Stotter. Nielsen tentou diminuir a credibilidade deles mostrando ao seu advogado alguns problemas com o depoimento deles. Disse que Stewart ficou para tomar mais uma bebida depois do suposto ataque alegado por ele, coisa que a testemunha não soube explicar. A defesa também provou que Stewart tinha vendido sua história para a mídia.

Nobbs admitiu ter tido um encontro sexual com Nielsen, e que ele pareceu amigável durante todo o tempo.

Stotter, tímido e terrificado pelos procedimentos, também declarou que Nielsen era solícito e amigável. Mesmo assim, seu relato fez grande estrago na defesa do acusado.

O relato de Nielsen para a polícia foi lido na Corte, atividade que levou 4 horas. Entre as evidências levadas a juízo, estavam a panela de Nielsen, sua tábua de cortar e um jogo de facas que pertenceram a Martin Duffey.

Chamado como testemunha da defesa, o psiquiatra Dr. James MacKeith discutiu vários aspectos de uma desordem de personalidade não especificada, da qual ele acreditava que Nielsen sofria. Descreveu a dificuldade do acusado em demonstrar seus sentimentos e como ele sempre fugiu dos relacionamentos que iam mal. Seu comportamento inadequado teria tido início na infância. Ele teria habilidade de separar suas funções mentais e comportamentais num nível extraordinário, o que implicava em diminuir a responsabilidade pelo que estava fazendo. O psiquiatra também descreveu a associação de Nielsen entre corpos inconscientes e excitação sexual. Também descreveu Nielsen como narcisista e prepotente, além de ter um prejudicado senso de identidade e de ser capaz de despersonalizar outras pessoas, até um ponto em que não sentisse muito o quê estava fazendo a eles.

O segundo psiquiatra chamado, Dr. Patrick Gallwey, diagnosticou Nielsen como fronteiriço e portador da Síndrome do Falso Eu, o que o levaria a "brancos" ocasionais de distúrbios esquizofrênicos, que ele manejava a maior parte do tempo para que não viesse à tona. Demonstrou como uma pessoa pode se desintegrar sob circunstâncias de isolamento social, e testemunhou acreditar que Nielsen não premeditava seus atos. O depoimento de Gallwey foi confuso e repleto de jargões médicos, sendo até criticado pelo juiz.

Por último, foi chamado o psiquiatra legal Dr. Paul Bowden, que atendeu Nielsen por 14 horas, mais que qualquer outro psiquiatra da defesa. Ele alegou não ter encontrado evidências que confirmassem o que havia sido testemunhado por seus colegas, e concluiu que Nielsen era extremamente manipulativo. Era um caso único, com anormalidade mental, mas não com desordem mental. Sua explicação sobre a diferença entre as duas não ficou muito clara.

Durante o resumo do julgamento feito para o júri, o juiz intruiu-os que a mente pode ser demoníaca sem ser anormal, dispensando todos os jargões psiquiátricos utilizados anteriormente.

O júri se retirou para decidir o veredicto em 3 de novembro. No dia seguinte, com base nas divergências profundas que já estavam surgindo, o juiz do caso declarou que aceitaria a maioria de votos; não seria necessária a unanimidade.

Naquele mesmo dia, Dennis Andrew Nielsen foi considerado culpado de todas as acusações e sentenciado à prisão perpétua e não elegível para condicional por 25 anos. Nielsen estava com quase 38 anos.

Sem dúvida, este assassino inspirou vários escritores. Sua figura mais fiel aos acontecimentos está na novela de Brite, "Exquisite Corpse", onde um dos personagens é baseado em Nielsen e o outro em Jeffrey Dahmer.

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